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PROFISSIONAIS DO C.E. PREFEITO MENDES DE MORAES FAZEM MANIFESTO CONTRA O NOVO ENSINO MÉDIO
6 de janeiro de 2021
Os profissionais de educação do Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes se posicionaram, em um manifesto, contra a escolha do material didático para 2022, já tendo como base a nova reforma do ensino médio. Leia o documento:
Os professores e professoras do Colégio Prefeito Mendes de Moraes vêm apresentar seu repúdio à escolha do material didático para 2022 sob a égide do chamado “Novo Ensino Médio”, contrarreforma em cujo processo não foi possível uma participação efetivamente democrática por parte da categoria dos profissionais de educação.
Os professores e professoras do Colégio Prefeito Mendes de Moraes vêm apresentar seu repúdio à escolha do material didático para 2022 sob a égide do chamado “Novo Ensino Médio”, contrarreforma em cujo processo não foi possível uma participação efetivamente democrática por parte da categoria dos profissionais de educação.
O “Novo Ensino Médio”, além de precarizar em muito a carreira docente, pois determina que um único professor, com uma formação superior específica, tenha que ministrar conteúdos programáticos para os quais não foi formado, também compromete o processo de ensino-aprendizagem dos estudantes. É preciso que se defenda a formação acadêmica de origem do professor e a formação futura de cidadãos conscientes!
Ao estabelecer quatro áreas de conhecimento – das ciências da natureza, das ciências humanas, das linguagens e da matemática – , a contrarreforma do “Novo Ensino Médio” institui uma desvalorização da carreira do professor sem precedentes, pois o profissional deverá atuar em substituição a outros profissionais de outras disciplinas, já que um mesmo professor deverá ministrar conteúdos para os quais não teve preparação específica. Isto porque todos os outros componentes curriculares (História, Geografia, Sociologia, Filosofia, Artes, Educação Física, Língua Estrangeira, Física, Química e Biologia) não serão mais obrigatórios. A oferta de Língua Inglesa também é obrigatória, mas pode ser feita em qualquer um dos três anos, ou mesmo em todos eles.
É o que se chama “flexibilização” do trabalho docente, a criação do professor polivalente, aquele que, como se diz no linguajar futebolístico, “atua nas onze”. Isso abre brecha para o profissional de “notório saber”, que, mesmo sem formação específica de licenciatura, poderá ministrar aulas dentro da sua área de formação.
Haverá uma tendência ao “enxugamento” do quadro de profissionais nas escolas, o que levará a que muitos professores não consigam manter sua matrícula numa única escola. Horas-extras se tornarão peça de museu!
E aos nossos estudantes das escolas públicas não será mais oferecido o direito de ter acesso aos conteúdos das diferentes disciplinas. É um rebaixamento total e pleno da qualidade do ensino na educação pública em nosso estado. É uma retomada do que a Ditadura Militar visava: a formação de mão de obra barata para o mercado e com o intuito claro de estabelecer o que os filhos da classe trabalhadora podem ou não aprender.
Não é uma educação pública que forma cidadãos conscientes de seus direitos, mas aquela que formará massa de manobra ao bel-prazer de determinados governantes. O objetivo é inviabilizar a possibilidade de ingresso dos nossos estudantes – pertencentes em sua imensa maioria às camadas populares – numa boa universidade pública.
Portanto, é importante destacar que os profissionais de educação do Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes não se sentem confortáveis para escolher tais livros didáticos cujos conteúdos não são de amplo domínio, visto que os profissionais tiveram formação acadêmica específica.
Assim sendo, reafirmamos nosso compromisso com a defesa da autonomia pedagógica do profissional docente e da educação pública, gratuita, laica, plural, democrática e de qualidade socialmente referenciada.
E por fim, exigimos que seja adiada qualquer decisão sobre a implementação do “Novo Ensino Médio” antes de uma ampla discussão com as comunidades escolares, através da representação de classe dos profissionais de educação e do movimento estudantil.