Em artigo publicado na Carta Capital, no dia 02 de dezembro, o educador Fernando Cássio, professor da Faculdade de Educação da USP e integrante da Rede Escola Pública e Universidade (REPU) e do Comitê Diretivo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, critica a criação de “regras flexíveis” em três estados (Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul) que implementam a aprovação automática nas suas redes de ensino. Cássio denuncia que a implementação da medida ocorre exatamente na época do início da aplicação das provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e se configura claramente como um estratagema dos governos destes estados para melhorar os seus índices no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
Fernando Cássio participou de uma oficina realizada pelo Sepe RJ sobre o controle social das políticas educacionais no Rio de Janeiro, no último dia 03 de dezembro. No evento, ele falou sobre como a Lei de Acesso à Informação pode ser utilizada para mapear o funcionamento das políticas educacionais através de dados.
No texto da Carta Capital, o educador lembra que os estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte ocupam as últimas posições em relação a taxas de aprovação no ensino médio no país, ocupando as duas últimas posições no ranking do último IDEB e descarta as críticas das secretarias de educação destes estados contra os protestos de educadores e sindicatos representativos da categoria, quando elas afirmam que os protestos contra a aprovação automática seriam “reacionários e punitivos contra os alunos”.
Segundo ele, o debate sobre a reprovação escolar é complexo e exige pensar o fracasso escolar como produto da política educacional e nas falhas do estado em garantir o direito à educação de qualidade para todos. Para ele, os secretários de Educação e governadores parecem muito menos inclinados a debater as causas de efeitos da reprovação escolar ou as consequências pedagógicas de suas políticas de aprovação automático. Para Cássio, o propósito primordial das autoridades é outro, a elevação dos indicadores educacionais de seus estados para que possam alcançar melhores posições no “pódio” da educação nacional, se tornando assim “os milagreiros do IDEB”.
O educador alerta que o problema dessa lógica concorrencial é que para que alguns estado subam suas posições outros terão que descer rumo ao abismo, criando-se uma situação de “quase-mercado”, da qual derivam as políticas de bonificação e punição. Ela toma como exemplo disso a política do governador de São Paulo, que falseia as avaliações estaduais, chegando ao cúmulo de estimular o falseamento das avaliações das próprias escolas. Para Cássio, aqueles que confundem indicadores educacionais com qualidade da educação ou com garantia de direitos educacionais ou nunca pisou numa sala de aula, ou almeja extrair vantagens políticas dos resultados nas avaliações no próximo ciclo eleitoral
Leia a íntegra do artigo no link do site da Carta Capital abaixo:
https://www.cartacapital.com.br/opiniao/aprovacao-automatica-agita-a-corrida-dos-estados-pelo-ideb/