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Nota de repúdio contra apagamento de murais em escola estadual de Petrópolis
17 de março de 2025

Murais produzidos por artistas reconhecidos foram apagados de maneira arbitrária na Escola Estadual Princesa Isabel, em Petrópolis e gerou revolta na comunidade artística e escolar.
Leia abaixo uma nota de repúdio dos integrantes do projeto Memórias Urbanas contra o apagamento de murais do projeto nas dependências da Escola Estadual Princesa Isabel, em Petrópolis.
Nota de Repúdio ao Apagamento da Arte Urbana em Petrópolis
Nós, artistas e produtores do projeto Memorias Urbanas viemos por meio desta expressar nosso mais profundo repúdio à postura adotada pela direção atual da Escola Estadual Princesa Isabel diante do tratamento dado aos murais pintados pelo projeto nas dependências da escola. O projeto foi idealizado e executado pela Associação CRIA Cultura e Mídia em parceria com a Na Agulha Produções, aprovado no edital Rua Cultural da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa para ser realizado nas dependências da escola, com anuência da direção da mesma a época. É lamentável que a atual direção desta escola pública, cuja missão fundamental é a promoção da educação e do acesso à cultura, adote atitudes que desvalorizam iniciativas voltadas para o enriquecimento cultural e educacional da comunidade escolar.
O projeto ‘Memórias Urbanas’ reuniu três grandes artistas da cidade, reconhecidos por seus trabalhos dentro e fora de Petrópolis. A iniciativa retratava, em três murais de tamanho significativo, as brincadeiras de rua da infância que têm se perdido com o avanço das novas tecnologias, destacando a troca intergeracional que ocorre nessas vivências lúdicas. Além disso, o projeto contemplou uma oficina de grafite para os alunos da escola, que, ao longo de dois meses, tiveram a oportunidade de aprender e expressar sua criatividade, culminando na pintura do muro da frente da escola.
O projeto realizou uma ampla revitalização das paredes laterais e muro frontal da escola, garantindo que as obras tivessem um excelente estado de preservação e pudesse durar por muitos anos. Essa intervenção foi realizada com investimento de dinheiro público, e foi apagada de uma hora para outra, sem justificativa plausível e sem consideração pelo impacto cultural e educacional da iniciativa.
Além de sua importância artística e pedagógica, os murais eram um verdadeiro patrimônio da cidade, visto que existem pouquíssimos murais daquele tamanho em Petrópolis. A destruição dessas obras representa uma perda irreparável para o patrimônio cultural local, e uma falta de zelo pela história e identidade da cidade.
No entanto, de forma arbitrária e sem qualquer respeito pelo esforço artístico e educativo envolvido, a atual direção da escola tomou a lamentável decisão de pintar sobre os painéis do projeto, apagando uma obra de arte que carregava identidade, história e memória cultural, e isso sem nenhum diálogo com os idealizadores e artistas do projeto que trabalharam por mais de um ano para sua realização. Essa ação demonstra uma completa falta de sensibilidade e apreço pela cultura e pelo trabalho desenvolvido com tanto empenho por artistas e alunos.
A cultura e a educação devem caminhar juntas, e é inaceitável qualquer conduta que impeça o pleno desenvolvimento de ações culturais dentro do ambiente escolar. Esperamos que esta direção reveja sua postura, apesar da atitude irreversível e passe a atuar de forma colaborativa, garantindo que os recursos e esforços destinados ao projeto sejam devidamente reconhecidos e respeitados, e ainda que casos como esse não mais se repitam em nossa cidade.
Equipe Memorias Urbanas