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Ao menos três diretoras(es) de escolas municipais do Rio de Janeiro – E.M. Benevenuta Ribeiro (Méier); E.M. Presidente João Goulart (Andaraí); E.M. Vicente Licínio Cardoso (Centro) – foram exoneradas(os) de seus cargos em 2025 por não terem atingido os índices de aprovação escolar exigidos pela Secretaria Municipal de Educação (SME-RJ). O Sepe investiga outros processos de exoneração que podem estar em andamento, pelo mesmo motivo.
Dentro das escolas, profissionais de educação constatam a forte influência que a “Falconi Consultores SA”, empresa contratada pela SME-RJ para uma “consultoria de gestão”, vem exercendo na rede. A Falconi se apresenta em seu site como “uma consultoria para geração de valor por meio de soluções em Gente e Gestão com tecnologia” e é conhecida por atuar em diferentes ramos da economia junto a grandes grupos empresariais, que têm como objetivo principal o lucro.
As direções de escolas municipais do Rio de Janeiro vêm tendo contato com essa empresa desde 2022, quando teve início o primeiro contrato com a SME-RJ, e a experiência tem sido bastante negativa.
FALCONI TEVE CONTRATO VOLUMOSO
Entre 2022 e 2024, a SME pagou quase R$ 16 milhões pelo contrato com a empresa, em valor considerado alto para os padrões da Secretaria. Já em fevereiro de 2025, o contrato foi renovado por mais um ano, no valor de R$ 11.682.520 (publicado no Diário Oficial de 21/02/2025) – veja as fotos nesta matéria.
Enquanto isso, o salário dos servidores municipais está congelado há 18 meses e o valor do vale alimentação da educação está congelado há 13 anos, em 12 reais…
A Falconi não é uma empresa de educação, mas sim uma consultoria especializada em índices e eficácia, o que deveria ser um verdadeiro corpo estranho à educação pública do Rio, mas tem se tornado cada vez mais comum nas políticas educacionais de todo o país.
A Falconi foi contratada para assessorar as unidades escolares, especialmente aquelas que apresentavam baixo rendimento dos alunos. No entanto, denúncias feitas ao Sepe mostram que a empresa vem pressionando os educadores a melhorar os índices, a partir de uma lógica empresarial totalmente distante da realidade escolar. Inclusive, em uma das escolas visitadas pelo Sepe, foi relatado que o “consultor” da Falconi sequer era educador.
A categoria já conhece essa união da atual administração da prefeitura com uma empresa que privilegia a gestão em ritmo empresarial, com a cobrança de índices definidos externamente, sem ouvir os profissionais de educação e o Sepe. Outra questão grave é a pressão da SMERJ por metas e uma espécie de “aprovação automática” disfarçada, visando melhorar artificialmente os resultados.
O sindicato está buscando mais informações, com o objetivo de entrar com uma representação no Ministério Público e provocar aquele órgão a investigar mais a fundo o que a empresa faz e todos os valores pagos – lembrando que, em novembro, haverá eleição para as direções de escolas e certamente a SME utilizará os dados dessa consultoria para influenciar na escolha dos gestores.
Com isso, o Sepe defende a autonomia escolar e democrática das unidades e não aceitará que a educação pública seja privatizada e regida por metas instituídas por empresas e suas plataformas.
