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Nota do Sepe Mesquita: EAD em meio a pandemia é oportunismo
30 de março de 2020
FONTE: SEPE MESQUITA
EAD em meio a pandemia é oportunismo!
Reabertura das escolas é morte!
Reais alternativas para rede estadual e rede municipal de Mesquita.
"Eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades.
O tempo não para."
Cazuza
Vivemos uma pandemia mundial que já produziu quase 30 mil vítimas fatais. Um vírus resistente, de alto contágio transmitido por saliva, fezes, urina e demais excrementos. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento 48% da população não possui coleta de esgoto e 35 milhões de brasileiros não tem acesso a água tratada.
No Rio de Janeiro vivemos o desmonte da Cedae numa lógica de sucatear para privatizar, com uma crise no tratamento de água.
Diante dessa realidade vemos o número de pessoas contaminadas mais que dobrar a cada dia.
O Teto de Gastos, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a Reforma da Previdência e tantas outras medidas colocam como prioridade Estatal o superávit primário para pagamento da corrupta, criminosa e injusta Dívida Pública, sacrificando direitos do povo brasileiro.
O Estado brasileiro, mesmo nessa crise prefere se dedicar ao lucro de empresários e banqueiros do que garantia e sobrevivência aos trabalhadores. Ao mesmo tempo, o Ministro da Saúde afirma que em abril o SUS entrará em colapso, não dispomos de testes, leitos e profissionais da saúde suficientes para atender a população. Diante da gravidade deste quadro, hospitais de campanha estão sendo construídos em estádios de futebol, no areoclube de Nova Iguaçu e outras áreas, pois o momento é grave.
De forma oportunista o secretário estadual de Educação, Pedro Fernandes, e o governo do Estado ressuscitam a implantação do EAD na Educação Básica e tentam aprovar as pressas um projeto de lei na Alerj, com o mesmo oportunismo tentou, derrotado, aprovar a Educação Domiciliar nessa semana.
O Governo estadual de maneira ardilosa tem se aproveitado da pandemia pra fazer avançar um projeto de desmonte da Educação Pública, sequência da política de fechamento de escolas, turmas e turnos, e retirando do Estado o dever de garantir educação digna.
A Educação à Distancia é a precarização do trabalho de educadores e educadoras, é a substituição da relação educador-estudante-comunidade, por um produto padronizado de educação numa lógica bancária.
A educação que defendemos é libertadora, educar não é "depositar" conteúdos prontos e reproduzi-los, sem transformação ou construção.
Consideramos que ao impor a continuidade das aulas através de uma plataforma virtual, o secretário ignora a realidade, adotando uma medida oportunista e irresponsável que está fadada a fracassar e servirá como trampolim para campanhas eleitorais e como forma de culpabilizar professores e estudantes.
A medida apresentada é excludente, porque exige de professores, que estão sem reajuste há 6 anos, e estudantes, que em geral estão em situação de vulnerabilidade social e alimentar, certa estrutura tecnológica para acessar a plataforma e apresenta como alternativa a quem não os possui esses recursos a exposição, indo a escola para ter acesso, o que é contraditório com o estado de quarentena.
Não estamos em férias e nem mesmo em recesso, estamos em quarentena para, conforme orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), evitar a disseminação do Convid-19.
É preciso destacar que a rotina de uma quarentena é desgastante tanto física como mentalmente, exige intenso cuidado pessoal e de familiares, manutenção da casa, higienização de produtos, roupas e calçados, entretenimento das crianças, cuidado dos idosos, construções de redes de solidariedade locais, para além de outras tarefas.
Ao mesmo tempo o secretário interino municipal de educação, Renato Miranda, anuncia a reabertura das escolas no dia 13 de abril, medida totalmente desconectada da realidade, e das recomendações da OMS, alinhada a posição do governo Bolsonaro, que chama a pandemia de gripezinha e diz que algumas mortes não podem parar a economia.
Quem de nós e de nossas famílias podem morrer?
Nesse momento defendemos que antes de buscar soluções oportunistas e insuficientes, os profissionais da educação, querem e precisam manter contato com a comunidade escolar, colegas, responsáveis e estudantes, queremos saber como estão lidando com esse momento, queremos manter o que é mais importante da relação pedagógica: a relação humana!
Defendemos que dentro das nossas possibilidades, podemos construir com nossas escolas redes autônomas de comunicação e solidariedade, propor atividades complementares aos seus estudantes, para manter o hábito de estudo e ajudar jovens e responsáveis a construir uma rotina dentro de casa, mas que de forma alguma substituem o ano letivo.
Jamais devemos pensar nisso como algo obrigatório, tanto a professores quanto a estudantes e muito menos que sejam adotada qualquer forma de punição ou assédio.
Orientamos a todas e todos, sejam da rede estadual ou da rede municipai, fiquem em casa! Cuidem-se!
Aos colegas de rede estadual convocamos para participar da audiência pública que irá debater a PL da EAD do Governo Estadual, na terça-feira, 31, breve divulgaremos o link.
E observarem com atenção a votação na Alerj marcada para quarta-feira, 01 de abril, dia de votação do PL do EAD da Mentira e do Êngodo.
Momentos de crise nos mostram a crueldade, a exploração e opressão do sistema em que vivemos. Por isso resistam! Criem redes de apoio e solidariedade! Preservem a saúde física e mental!
Pois mesmo distantes ninguém solta a mão de ninguém!
Direção Colegiada Núcleo Mesquita