destaque-home, Todas

Ataques na Zona Oeste: Paes e Castro, suspendam as aulas! A vida deve ser prioridade


Na tarde desta segunda-feira, 23/10, fomos todas/os surpreendidas(os) com as notícias de ataques a ônibus que circulavam pela Zona Oeste. Foram mais de 35 ônibus queimados, além de trens, carros, caminhões e ao BRT, em nove bairros da cidade. Os ataques ocorreram após a morte do miliciano Matheus da Silva Resende, o Faustão, em confronto com a polícia.

Ônibus incendiado. Reprodução/TV GloboA resposta da milícia espalhou o medo e o terror em toda a Zona Oeste. Sem transporte público para retornar  para suas casas, trabalhadores/as enfrentaram um dia de caos e muito medo. Em pouco tempo, circularam vídeos de pessoas escapando desesperadas de ônibus que estavam sendo incendiados e, ao fim do dia, arriscando-se em caçambas de caminhões e carros superlotados para retornar às suas casas.

O diretor da FAETEC de Santa Cruz, professor Alexandre de Moraes Sant’Ana, não teve como ir embora até que a/o última/o aluna/o ser acolhida/o por familiares e/ou amigos. Esse episódio mostra o quanto estamos reféns no nosso território, aprofundando ainda mais as desigualdades e a exclusão.

Isso porque o avanço das milícias é proporcional à ausência do poder público. A política de segurança de Cláudio Castro só tem agravado esta situação. Cada vez mais, é evidente o quanto o Rio de Janeiro necessita de um projeto de retomada do seu território que há muito tempo vem sendo conquistado cada vez mais por milícias e pelo tráfico, retomada que não ocorrerá sem escolas de qualidade, saúde, atividades culturais, saneamento, transporte público e emprego para a juventude e a população da região.

Em regiões da cidade do Rio de Janeiro – como Alemão, Chapadão, Jacaré, Maré e, é óbvio, a Zona Oeste, em diferentes territórios de Jacarepaguá até Santa Cruz – moradores são reféns de barreiras, cercos, narcomilicianos, corrupção policial e violência da repressão dos “poderes paralelo e oficial”. O contexto social que alimenta essa realidade violenta está baseado nas estruturas políticas e econômicas, que preservam e intensificam a desigualdade social e a pobreza, cujo enfrentamento é de longo prazo, contra a lógica capitalista que acentua a barbárie.

Podemos, no entanto, e precisamos ter ações de curto a médio prazo para reduzir danos, principalmente, nestas regiões que vem sendo conhecidas como “Faixas de Gazas Cariocas”. Os serviços públicos governamentais – ou seja, a presença do Estado – não podem diminuir e sim aumentar. Nestes territórios creches, escolas, postos de saúde, hospitais, restaurantes populares, CAPS, delegacias, bibliotecas, centros artísticos, esportivos e culturais públicos devem sobrar e não faltar como, infelizmente, é a situação carente atual na Zona Oeste como em todas as nossas outras regiões apontadas. Os governos do Município, do Estado e federal precisam imediatamente ampliar o investimento em recursos humanos profissionais de cultura, educação, saúde e segurança para ampliar o atendimento à população local, bem como respectivos novos e maiores espaços onde esses serviços poderão ser prestados com a melhor qualidade possível.

Neste momento, é indispensável que o poder público suspenda as aulas da região em toda rede pública (municipal e estadual) até que a situação se normalize. A insegurança que os profissionais de educação e as famílias sofrem é imensa. Com escolas pouco protegidas, sem conseguir garantir a segurança dos profissionais de educação e/ou dos(as) alunos(as), a Prefeitura e o Governo do Estado precisam levar em consideração o fato de que tanto o trajeto quanto a própria escola, no momento, não estão seguros.

Eduardo Paes afirmou que os serviços públicos vão funcionar normalmente nesta terça-feira, 24, mas não há garantia de segurança de profissionais de educação, estudantes e responsáveis diante do maior ataque a ônibus, trens e automóveis da história do Rio.

A vida e a segurança devem ser a prioridade.

Para preservar a nossa comunidade escolar, Eduardo Paes e Cláudio Castro, suspendam as aulas nesta terça-feira e enquanto houverem graves riscos de segurança na região!


Assinam:
SEPE Estadual e Regionais do Sepe da Zona Oeste: Regional V, Regional VIII e Regional IX

LEIA MAIS: