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Levantamento divulgado pelo site do Globo mostra que mais de um terço das brasileiras já sofreu violência nos últimos 12 meses
10 de março de 2025
No último sábado (8) manifestações realizadas em vários países do mundo e cidades do Brasil marcaram a passagem de mais um 8 de março, Dia Internacional da Mulher, para lembrar a luta por direitos iguais para todos. No Rio de Janeiro, um ato na Candelária, seguido de uma marcha até a Cinelândia, será realizado hoje (10), com concentração marcada para as 16h. Num mundo marcado cada vez mais pelas desigualdades de raça, classe e gênero a celebração do Dia Mundial da Mulher assume uma importância fundamental para denunciar e cobrar da sociedade um basta à violência contra as mulheres e reivindicar por um mundo mais justo e com respeito às mulheres.
O Sepe, como entidade representativa de uma categoria majoritariamente feminina, também se juntará ao ato pelo #8M e à marcha em direção à Cinelândia.
Uma prova de que a luta contra a violência contra as mulheres no Brasil assume tem uma importância fundamental está estampada no artigo veiculado hoje (10) no portal do Jornal O Globo, comentando um levantamento preparado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e realizado pelo Instituto Datafolha, que mostra que mais de um terço das brasileiras (37,5%) vivenciaram algum tipo de violência nos últimos 12 meses. Segundo o artigo, trata-se do maior volume de casos de violência medidos pela pesquisa, desde seu lançamento, em 2017, representando 21,4 milhões de mulheres com 16 anos ou mais atingidas pela violência.
Segundo o levantamento citado pelo artigo do portal do Globo, a maior ocorrência de atos de violência contra mulheres se deu no âmbito de insultos, xingamentos ou humilhação (31,4% das respondentes relataram ter sofrido algum tipo de agressão verbal). Uma grande parte das respondentes também diz ter passado por ameaças de apanhar, empurrar ou chutar (16,1%). A mesma média (16,1%) representa as mulheres que sofreram o crime de perseguição ou amedrontamento, o stalking. Maior é a quantidade das que, de fato, foram agredidas por batidas, tapas, empurrões, ou chutes (18,9%), um total de 8,9 milhões de brasileiras.
O artigo também cita que ao menos relatos de três tipos diferentes de agressão nos últimos 12 meses. Também apresenta um dado inédito em relação aos levantamentos anteriores: a quantidade de mulheres que tiveram fotos e vídeos íntimos divulgados na internet sem seu consentimento. Essas somaram 3,9%, o que representa 1,5 milhões de mulheres brasileiras.
O levantamento ainda mira sobre outros casos de abuso de ordem sexual. Do total, 10,7% afirmam que sofreram abuso sexual ou foram forçadas a ter relações contra sua vontade. São 5,3 milhões de mulheres sob agressões e ofensas sexuais no último ano.
Em relação ao episódio de violência, 9 entre 10 mulheres afirmaram que a violência foi testemunhada por terceiros. Em 47,3% dos casos essas pessoas foram parentes e amigos e em 27% os filhos — o que levanta a preocupação sobre os efeitos da violência doméstica em crianças e adolescentes.
Os agressores mais comuns que foram respondidos à pesquisa foram os cônjuges, companheiros, namorados, parceiros e maridos (40%). Ex-companheiros são 27%. Há ainda os registros de violência praticadas por pais e mães (5,2%), padrastos e madrastas (4,1%) e filhos e filhas (3%).
A pesquisa ainda mostra que, em semelhança ao visto em levantamentos anteriores, 47,4% das mulheres não buscou ajuda após os episódios de agressão. A procura por familiares foi o caminho encontrado por 19,2 % das mulheres, seguido por 15, 2% que procuraram por amigos. A busca por algum órgão oficial, ligado ao sistema de Justiça, no caso a Delegacia da Mulher aparece em quarto lugar com 14, 2%. O levantamento ainda mostra que, com percentuais menores aparecem a procura por procura por igreja (6,0%), a ligação para a Polícia Militar (2,2%), a ligação para a Central de Atendimento à Mulher (1,8%) e a denúncia à polícia via registro eletrônico (0,7%).
A pesquisa tem abrangência nacional e foi realizada entre 10 e 14 de fevereiro de 2025. A amostra total nacional foi de 2.007 entrevistas. A amostra total de mulheres foi de 1.040 entrevistas. A sondagem passou por 126 cidades de pequeno, médio e grande porte.
O levantamento completo pode ser consultado através do link abaixo:
https://publicacoes.forumseguranca.org.br/items/7c9f57aa-e7d6-4d96-8f11-768fe85a2084