Entre os dias 28 e 30 de agosto, as redes sociais e a grande imprensa foram tomadas pelo vídeo de uma apresentação ocorrida no CIEP Luis Carlos Prestes, na Cidade de Deus, e em outras 3 unidades da rede: Gustavo Capanema (Complexo da Maré), Escola Municipal Marechal Estevão Leitão de Carvalho (Engenho da Rainha) e Escola Municipal Rivadavia Corrêa (Centro). Em pouco mais de um minuto, a “Cia Artística Suave”, dirigida pela coreógrafa Alice Rippol apresenta uma performance de dança por muitos criticada por trazer em sua trilha uma letra inapropriada para o público infantil.
O Sepe RJ vem a público questionar as providências tomadas pelo prefeito Eduardo Paes face às informações públicas que temos até o momento, divulgadas pelo noticiário.
1 – Em primeiro lugar, o prefeito acusou o grupo de má-fé.
2 – Em seguida abriu sindicância contra as direções das escolas que receberam o espetáculo.
3 – Por fim, afastou as direções das 4 escolas.
O Sepe avalia como contraditória a sequência de fatos informada pela própria prefeitura.
1 – Quem estabeleceu o convênio com a companhia de arte foi a SME, e não as escolas em particular.
2 – Se o argumento usado pelo prefeito foi de que a prefeitura fora “enganada”, como responsabilizar as direções? Essas não teriam sido também enganadas sobre a “classificação livre” das apresentações?
A ação punitiva rapidamente aplicada às direções, sem o devido tempo de defesa, na verdade, representa um desespero pela proximidade do ano eleitoral, em que Eduardo Paes disputará o eleitorado mais conservador com políticos do espectro bolsonarista. Por isso, o Sepe RJ se solidariza com as comunidades escolares e coloca sua estrutura jurídica a serviço dos companheiros e das companheiras profissionais de educação vítimas desse assédio por parte dos gestores públicos.
Defendemos que as escolas devam ter autonomia pedagógica para construir atividades culturais e apresentações artísticas, pois são os profissionais de educação da ponta que tem as melhores condições de propor atividades de acordo com a faixa etária e o perfil de seus alunos. Denunciamos a ausência de uma política de cultura nas escolas, que padecem sem professores de artes, sem oficinas culturais, sem apoio e incentivo a apresentações artísticas, sem condições estruturais de desenvolver atividades pedagógicas planejadas, sem transporte para visita a museus, teatros e demais equipamentos culturais. É essa realidade que deveria revoltar políticos e toda a sociedade.